Histórias do Copão da Amazônia

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Intervalo do jogo Juventus, do Acre, contra o Ríver, de Roraima. O repórter da rádio acreana entrevista o zagueiro roraimense Transa. Ele pergunta: “Jogo duro, hein. Está cansado?” Sem fôlego, o craque balança a mão como se dissesse “mais ou menos”. O repórter, apanhado de surpresa, emenda: ”Alô, Transa, aqui é rádio, gesto não vale, precisa falar”.

Eram tempos do Copão da Amazônia, competição criada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinada aos clubes do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, então com futebol amador. O certame era disputado em duas chaves, com quatro clubes cada uma, em sedes diferentes. Os campeões das chaves jogavam as finais em duas partidas, uma em casa e outra na casa do adversário.

As histórias vividas por atletas, dirigentes e jornalistas faziam a alegria das delegações. Waldemar Caldas, o Wado, bom zagueiro do Baré, vira e mexe era expulso de campo. Uma das vezes foi no Copão, em Porto Velho. A comunicação era feita através de telefones fixos (final da década de 1980). Refugiado no hotel onde o presidente do clube, Zuza, estava hospedado (os jogadores ficavam em alojamento coletivo), ele falou com a esposa e com a filha. Ao terminar a conversa, comenta, triste: “Até a minha filha reclamou: ’Expulso de novo, papai?’”

Em 1982, o São Raimundo foi ao Amapá. Na véspera da estreia, contra o poderoso Juventus, o treinador, o então capitão Derly Borges, da Polícia Militar de Roraima, toma um susto: o craque do time, Renier, ainda estava fora do hotel às 23h.

Borges saiu em busca do atleta, na companhia de Rainor, irmão de Renier. A duas quadras do hotel, eles veem pelada de futebol de salão na quadra pública, onde a galera delirava com as jogadas de efeito do jogador. Ameaçado de desligamento da delegação, Renier prometeu atuação de gala no dia seguinte. Dito e feito. Os acreanos pagaram o pato: São Raimundo 3 a 0.

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