Obra interminável

Data:

Quantas histórias você já ouviu sobre obras cujos construtores extrapolam os prazos de entrega? Antigamente, a demora chamava-se de “obra de igreja”, pois nem sempre as doações dos fiéis estavam disponíveis. Sem dinheiro, o atraso era certo.

O caso aconteceu em Manaus. Amiga nossa resolveu reformar a casa. Obra grande, consumiria tempo considerável até ficar pronta. Executiva de empresa de grande porte, delegou ao pai, seu Chico, a responsabilidade de acompanhar os trabalhos e interagir com o mestre de obras e equipe.

Planta aprovada, preços ajustados, o contratado calculou em seis meses o prazo do término do serviço. Nossa amiga ficou tranquila. O profissional tinha sido bem recomendado.
Mesmo sem entender de construção civil, a proprietária teve a sensação de atraso no cronograma. O pai garantia estar tudo certo. “Os rapazes são ótimos. Chegam no horário e trabalham duro,”, assegurou seu Chico.

Terminado o prazo, a obra ainda estava pela metade. Metódica, ela cobrou explicações do mestre de obras. Ele se desculpou pelo transtorno causado, mas houve problemas com fornecedores de materiais, enfim, as desculpas de sempre.

Passados dez meses, nossa amiga perdeu a paciência. Ela reclamava do atraso na hora do café da manhã quando viu sair imensa bandeja com café, leite, pães, manteiga, suco, etc. Parecia hotel. Foi quanto soube que o seu Chico, penalizado com a situação dos operários – inclusive o mestre de obras -, decidiu reforçar a alimentação da turma.

Funcionava assim: às 7h30 – café da manhã; às 10h – lanche; às 12h – almoço (caprichado, porque “saco vazio não para em pé”); às 15h – outro lanche; finalmente, às 18h, servia-se o jantar.

Com tal regime, os operários engordaram, claro, e a obra arrastava-se há meses. A proprietária enquadrou todo mundo, acabou com a mamata e definiu em um mês o prazo de entrega, para tristeza dos operários. Estes, ao se despedirem, juraram ter sido o melhor lugar onde trabalharam.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Compartilhar post:

spot_imgspot_img

Popular

Mais como este
Relacionado

Cuidado com o candiru

Outro dia me lembrei de história contada por veteranos...

Ainda do regabofe de Leocádio

Reinaldo Dias. com sua mãe, Iolanda, Luis Brito, com...

Da Segad

Regabofe do Leocádio

O patrão do CTG, Jayme Roque Huppes, e sua...